quarta-feira, abril 30, 2008

Silêncio que a-calma e o que e-nerva

foto ateliê coreográfico


O barulho que explica ou que complica

8 comentários:

Anônimo disse...

Escutei na rua ele passando. Rua atravessada, cidade adentro.
O gramofone, boca aberta na esquina, sentia o cheiro do suor do suvaco do dono, dono?!
A cena, fotográfica, puxou um sorriso lá de dentro do abdomen...
O que me assusta, não me assustou; atravessando não me abandonou. Parecia que a cidade até parou...
O atraso não era mais, dor.

O preco, complicou.
A falta de dinheiro, explicou; eo comercio não se concluio.

Vou para o compromisso, satisfeito.
Parecia que, vendo aquele gramofone, ouvindo aquele som alí na esquina, um prazer relaxou o meu espírito.

biamara disse...

naquele dia eu estava sentada num meio fio olhando um poço com fundo em que raios de sol brincavam parados. eu estava só, apesar de. ele chegou e sentou-se ao meu lado sem que eu soubesse que ele estava machucado. eu estava só e ele chegou. suas palavras permitiram em mim o choro convulsivo - a morte que se fazia, a morte que se faria: pai. ele me aconchegou em seu peito e minhas lágrimas banhavam sua camisa. ouvi pela primeira vez as batidas de seu coração.

Anônimo disse...

você me fala, me fala, me fala, fala... euegopré-fixo aço contra suas bombas dentais. este samba já me conhece. longe de mim as dissonâncias; elas me pertencem, eu as sacudo. os ouvidos a escutam sem questionar a forma pronta. Teu abraço me derrama a calmaria. será que acalmará o murmúrio da burocracia? o barulho do papel amassado com o sol a pino, fará da fuga ouvir jamais esta canção?

Unknown disse...

O silêncio, em certos momentos é tão ensurdecedor quanto uma rajada de canhões ou uivos quase roucos.
O silêncio que emudece a alma é mais perigoso que uma porção de lobos sedentos por carne e por ação.
O silêncio de quem nada quer dizer é mais esclarecedor do que milhares de palavras deslocadas, desarticuladas.
O silêncio dos enojados é ainda mais inadequado. Cheio de rancor, de pudor, de um secreto calor que nunca revelaria seus traumas ou seus gozos. Que nunca assumiria o seu suor, o seu choro ou seu ódio.
O silêncio das palavras é o fim de uma história, a última página de um livro medíocre, o último traço de um rabisco, o último suspiro de um bêbado jogado a sarjeta, a última letra de um alfabeto de gente que não sabe falar, a última trepada paga de um velho engravatado que fode com dinheiro público. O último suspiro. Lindo, lindo...

Anônimo disse...

tapados ouvidos
tapados olhos
tapadas narinas
tapado cu
tapada boca.
tapei toda glória. toda glória...

Anônimo disse...

Tantas sonoridades, tantos barulhos da lembrança, dança, cambaleia e cai.
Canta, suave, doce suspiro....
Levanta com a cara pro alto e nem dor sente com o tapa que ressoa por horas a fio.
Nova queda, novo tapa, nova música, outro som, este de estilhaço, de algo que se partiu dentro e que jamais terá seu eco por fora. Ecoa no peito, no estômago, no baixo ventre, no dedo do pé e busca no umbigo sua escapada, mas não tem sucesso.
Será sempre seu esse som, só seu e para sempre seu, amém!

biamara disse...

naquele dia o que me completava era o abandono, mas ele não sabia. daí o meu coração tão distante que nem ele nem eu podíamos ouvir por mais próximo que estivéssemos. meu coração se retraíra com tal intensidade que era como se eu desexistisse. e eu aconchegada em seu peito ouvia o seu coração retumbando no silêncio da noite dos tempos de são paulo.

Anônimo disse...

numa certa noite de garoa
num certo lugar longe daqui
um fim de semana.

ele me olhava pela fresta da cortina
eu nu
deitado na grama após a sauna
olhava pro céu tomado por luz estelar

floresta densa
pássaros ouvem a ópera
entre o olhar dele em mim no chão