quinta-feira, maio 08, 2008

MEUS RESTOS , SEUS RESTOS, TEUS RESTOS...

GUARDAR MEUS RESTOS E OS SEUS...DISSOLVER-ME EM SER
foto ensaio Cia. Corpos Nômades

6 comentários:

biamara disse...

eu que me sinto um resto de nada e guardo em mim aquele que faltou no café de manhã de domingo, pergunto, sem esperança de resposta. Inconsolável:
o que resta de mim quando aquele que nem chegou já partiu?
o que poderia eu guardar do que não aconteceu?
o que resta de mim quando o outro parte - destruindo eu que estou nele, destruindo ele e outros que estão em si?
o que resta no abandono?
Como dádiva, os meus restos:

Anônimo disse...

Resta pouco para dizer que o amor me fagulha, agulhas de meu ser, que nunca foi meu. Quando me dissolvi, me derreti sorrisos amarelos para sua mãe, mas era tudo por ti. O choro foi por ti, a criança, o tapa... tudo por ti.
Não resta mais nada, joguei fora uma caixa de agouros q guardei por ti... e quase fui.

Infinita Companhia - Teatro de Animação disse...

ser apenas
sentir apenas
ser a duras penas
o que resta
da dissolução
do ser.
Autofagia do que em mim resta:
meu avesso transfigurado
meu íntimo intrínsecamente
autofágico.
Meu poder
é poder ser meus restos.

Anônimo disse...

Se engana quem pensa que a chuva elimina os resíduos. Eles apenas mudam de lugar: os que estão aparentes se escondem, os que estão invisíveis se revelam.
Ao som da chuva nada fica imóvel
(coisa, pensamento, sombra...);
tudo que existe inevitavelmente dança.

Anônimo disse...

um resto de mim foi encontrado do outro lado de teus restos. restos fatais de moscas e camas nos restaram para saudar o restante de vida q sobra no casaco.
costuramos unhas na sua pele, na minha.
ódio nítido convidou-me bruscamente para criar na violência, uma ruína ao meu destino.

sofrer as sobras dos seus desaforos e carinhos dominou-me uma esquisitice de noção de mundo; olhos tortos, baba no travesseiro, cortei o sexo, não sou mais homem, não sou mulher, apenas seguimento de humanidade transmitindo o que minha mãe, o que meu pai deixou nascer.

biamara disse...

do outro lado de meus restos encontro rostos de tua multidão. o máximo mínimo de solidão enquanto deságuas me desfacelam em desrisos. pousos mínimos me restam quando não me reflexo no chão do espelho.