VESTINDO ESSA PELE, ESSE SEXO OUTRO EM TEMPO ESTIRADO ESPELHANDO MEU AVESSO...
foto por Kuaray na cena João Pirahy
Este é o Blog oficial da Cia. Corpos Nômades, que foi criado em 2006. Funcionará novamente como nossa Sala de Ensaio Virtual. Como foi com o espetáculo "O Barulho Indiscreto da Chuva", onde as respostas poéticas inspiraram as coreodramaturgrafias. Agora com o HOSTEL PROJECT - novamente as postagens e os comentários servirão para a criação do novo espetáculo. Este projeto conta com o XIV Programa Municipal de Fomento à Dança de São Paulo e a Cia. Corpos Nômades é patrocinada pela PETROBRAS
7 comentários:
Possibilidades para um meu corpo do avesso:
- Letrinhas confusas e desagradáveis, tais quais as dos livros chatos do colégio quando eu era hipermétrope.
- Ponto de partida: o estômago (sem dúvida).
- Partes moles endurecidas (pelo excesso de zelo com certas coisas) e partes duras afetando malemolência (pela negação do zelo). Não quero que isso pareça juvenil, mas já era.
- Em algumas partes (como a buceta) , vai sobrar pele pra dentro, e a sensação será a da meia mal calçada dentro de um sapato desconfortável.
reviro os comodos e te encontro no fundo da gaveta e me espanto, minha cara não é mais a minha, ela tem um nariz encaroçado e assoa constantemente quando o pó se ambienta.
minha cara tem um olho do tamanho de um cachorro de 15 quilos e pesa nas cores um excesso de pessoas distantes,... em mim prefiguradas na lembrança do que me somou.
minha cara meu avesso na epiderme latejante de suor e frios constantes, não esconde o vermelho de dentro pulsante.
minha cara tem um queixo duro por fazer a barba; montanha dantes tocada por uma navalha violenta refletindo tua cara.
O sorriso toma meus labios, coroado por olhos brilhantes tambem alegres.
Na imagem refletida, um homem seguro de si, tomado de orgulho por tudo que fez, um homem que não se deixa abater.
No reflexo a imagem de quem ama e é amado em retribuição, a figura que deveria ser esculpida em rocha e imortalizada.
No espelho que reflete a lua, em um dia de sol, apenas vejo como sou.
quanto mais me vejo mais se mostra de mim o avesso do avesso do avesso. não há fim quem em mim se desdobra. o tempo em que me pinto no espelho algum grito de rubro abandono - que ecoará por mim a fora pelo lugar adentro e se refletirá no desejo dos outros outros de me expôr pelo avesso.
tirei a pele e na epiderme outra pele, carne viva vivaviva reativa. da luz solar eu me escondo mas nao consigo me esconder inteiro. sempre sobra um pedaco que alguem bota na frigideira.
escreva esta imagem que não é tua e nem é você. escreva este eu do outro lado do espelho que não me vê. escreva esta falsa imagem que insiste no laquê.
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