foto:Kuaray - Em cena Aldiane Dala Costa
Arrastar o passado sobre o muro... coisas que grudam na pele...
pessoas que arranham a alma...
Este é o Blog oficial da Cia. Corpos Nômades, que foi criado em 2006. Funcionará novamente como nossa Sala de Ensaio Virtual. Como foi com o espetáculo "O Barulho Indiscreto da Chuva", onde as respostas poéticas inspiraram as coreodramaturgrafias. Agora com o HOSTEL PROJECT - novamente as postagens e os comentários servirão para a criação do novo espetáculo. Este projeto conta com o XIV Programa Municipal de Fomento à Dança de São Paulo e a Cia. Corpos Nômades é patrocinada pela PETROBRAS
5 comentários:
Olhos atentos ao outro lado do muro
Puxa a corda, o verde, o som
Transeuntes se misturam ao fardo que carrego e a agonia de não poder estar lá, junto dela
Dança de rasgos, que corta, machuca, dilacera, fere
Força e delicadeza
O dentro e o fora
Onde esconder, onde revelar
Na casa escura fujo de mim
o caminho estreito
o desconhecido nos pés
no outro, em mim mesma.
a vontade de atravessar
chegar do outro lado para o encontro
sempre diferente
sempre o mesmo
No meio da noite, ela trazia as lembranças penduradas em seu vestido. Ela, ela e os bibelôs e o medo dos bibelôs. Mas na ponte ela parou. Segurou a saia com a mão esquerda, pois a direita transformara-se numa enorme tesoura. Pouco a pouco, foi livrando o leve vestido dos bibelôs, bibelôs pelúcias velhossapatos pipas e tampinhas rio abaixo.
Ela caminha seu caminho, equilibra-se nas linhas de suas sendas.
Como um artista na corda bamba, balança de um lado pro outro, acompanhando os gritos do público logo abaixo.
Caminha pelos gritos, sem saber se estes torcem para que chegue ao fim, ou caia antes dele.
ando sobre meus ombros sentindo os pesos dos meus passos - a palma de meus pés. Miro o passado e o desacerto. Esse fio que me puxa e eu que puxo esse fio que ata uma vida inteira. Como pode agora ser tão escuro? Estou implodida à séculos e tenho medo do escuro e tenho medo dos fantasmas da minha voz. Quem caminha em mim sabe o escuro e os olhos baixos. Eu sobre os meus ombros procuro em vão um corrimão - o espaço entre o fio e o - no limite estou viva - no limite estou morta. no limite - o passado que me arrasta está sufocado por sobre o muro. ando sobre meus ombros colegiais implodidos e a luz verde revela minha pergunta. quanto mais me escondo, mais me vêem, e se me vêem, mais me escondo. como começar a? por quem começar a? milênios de sufocamento tentam caber em meus ombros e eu só sei doer de madrugada quando ninguém me vê.
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